quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Depois de 16 anos, Monsenhor Heleno vai embora de Santa Cruz do Capibaribe




CONFIRA ENTREVISTA PUBLICADA NA REVISTA ZÍPER:

Uma missão, uma nova visão. Foi assim que chegou a Santa Cruz do Capibaribe, no ano de 1997, o Monsenhor Heleno, para substituir Padre Bianchi Xavier. Na época foi um desafio, mas que foi muito bem aceito pelo servo de Deus. Depois de 16 anos na Paróquia do Senhor Bom Jesus dos Aflitos e São Miguel, Monsenhor Heleno é convocado pela Diocese para assumir mais um desafio. Ao povo da Capital das Confecções, ele vai deixar saudade, pelo seu exemplo de homem e de caráter com que conduziu a igreja católica na cidade. A Revista Zíper conversou com o Monsenhor Heleno sobre a sua transferência. Confira a entrevista!

Revista Zíper - Para começar, gostaria de saber como surgiu a vocação em sua vida?
Monsenhor Heleno - A vocação em minha vida surgiu desde muito cedo, pois venho de uma família muito católica e desde criança eu já sentia vontade de servir a Deus. Aos 14 anos fui para o seminário, passei lá quatro anos, depois passei cinco anos fora, mas nunca me desliguei da igreja. Nesse período que fiquei afastado do seminário foi quando eu tive a certeza que essa era minha vocação.

Quando e como foi a sua chegada em Santa Cruz do Capibaribe?
 Eu cheguei aqui em 1997, em um momento difícil, para substituir o padre Bianchi que era muito querido da população, com seu jeito ele empolgava os fiéis. Mas eu cheguei e aqui tive de tomar medidas que desagradavam a algumas pessoas, mas a gente foi trabalhando, seguindo o que a igreja manda e chegamos ao que está hoje. Foi muito bom e hoje a cidade tem duas paróquias e as igrejas que já existiam estão bem estruturadas e organizadas.

O senhor é conhecido por ter um estilo rígido, como conquistou os fieis que pensavam assim?
Eu vim em nome da Igreja. Sou padre da Igreja Apostólica Romana e não tenho a preocupação de querer só agradar. É claro que eu faço todo possível para agradar a todos, dentro daquilo que a Igreja permite. Eu como representante dessa Igreja, como qualquer padre deve ser assim. Devemos amar, mas temos a consciência também somos pai e aquele pai correto sabe agir quando precisa. Em outras paróquias pelas quais passei, como Toritama e Bezerros, eu tive de ser rígido em alguns momentos e quem é sério e inteligente percebe que são as coisas corretas que devem prevalecer.

Como o senhor percebe a religião católica aqui na cidade?
A religião católica aqui na cidade difere um pouco de outras cidades da nossa diocese. Santa Cruz é uma cidade atípica em todos os sentidos. Mas como aqui é um município jovem e o povo também é jovem,
temos uma facilidade, uma abertura muito grande para trabalharmos dentro daquilo que pede o Vaticano. Uma Igreja de ministérios, de comunidade, uma igreja realmente de participação e a gente encontra muita abertura com o povo para trabalhar nesse padrão que a igreja pede.

O senhor também é conhecido por ter colocado as pastorais para funcionar. Como foi esse desafio?
Exatamente na questão de levar a sério aquilo que a igreja católica pede no momento, que os novos tempos, onde a gente busca entrar em lugares que a Igreja há algum tempo nem imaginava entrar. São novos espaços de evangelização. Quando eu era jovem participava daqueles grupos de jovens com muitos participantes e hoje você percebe que os grupos de jovens por aí não funcionam. Aqui a gente consegue reunir os jovens que se comprometem com a igreja e passam a fazer trabalhos sociais juntamente à Igreja. Fizemos eventos com jovens que chegou a ter 800 participantes, isso você não vê em lugar nenhum por aí. O importante é despertar.

O senhor reestruturou as igrejas daqui e ajudou a fundar uma nova paróquia. Como o senhor vê essas conquistas?
A paróquia é grande e hoje nós temos um novo sistema de paróquia. A igreja continua como instituição, até mesmo porque precisamos ser instituição para poder falar com o Poder Público. Mas a paróquia hoje não é mais como 40 anos atrás. Atualmente, segundo o documento da Conferência do Episcopado Latino Americano e Caribenho que aconteceu em Aparecida, a Igreja precisa ser uma rede de comunidades e a gente precisa levar isso À frente. Aqui na nossa cidade, nós temos aproximadamente 25 comunidades. Só a paróquia do Senhor Bom Jesus dos Aflitos e São Miguel tem 14 comunidades agregadas.

Depois de 16 anos na cidade, cria-se um vinculo muito forte com a Comunidade. Para onde o senhor está indo e como será daqui para frente?
Eu cheguei aqui em 13 de janeiro de 1997, portanto no dia 13 de janeiro de 2013 vai fazer 16 anos. Cheguei aqui numa segunda-feira e a minha saída daqui da cidade será em um domingo, não vejo como uma despedida, mas como encerramento da minha missão em Santa Cruz do Capibaribe. É com muita saudade que estou saindo, mas é um novo desafio. Eu estou indo para a paróquia de Nossa Senhora das Dores, a primeira paróquia da Diocese de Caruaru, que também é a catedral e que está para ser reestruturada devido a problemas estruturais surgidos nos últimos anos. Eu vou para lá com a mesma disposição que vim para cá. Eu não tenho medo de ir, estou indo muito tranquilo porque o projeto é de Deus. Estou levando muita saudade das pessoas daqui, fiz muitos amigos na cidade.

Qual a sensação que o senhor tem indo embora daqui?
É uma sensação muito boa. Eu estou indo com a consciência tranquila de que estou deixando uma paróquia muito arrumada, funcionando e o novo padre que chegar vai encontrar um trabalho apenas de manutenção. O que não está feito está encaminhado, como as novas igrejas que precisam ser construídas em algumas comunidades. Estou saindo para assumir uma nova missão da minha Diocese.

Qual a mensagem que o senhor deixa para o povo de Santa Cruz que admira o seu trabalho como padre?
Eu deixo o meu exemplo. Desde que cheguei aqui, os fiéis são testemunhas que eu nunca mudei, tenho as mesmas atitudes. Para a paróquia eu deixo a mensagem de confiança e peço a todos que continuem com o mesmo trabalho com o padre Joselito, meu sucessor. E para a cidade de Santa Cruz do Capibaribe eu quero deixar a minha mensagem também de esperança, que a cidade se renove e que as pessoas busquem o novo, renovem suas ideias, colaborem mais com a coletividade. Quero também deixar o meu abraço para todos os outros irmãos de todas as igrejas.

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